quinta-feira, 6 de janeiro de 2011

O Reino dos céus é para os chatos!

’’Oi, pois não, eu venho oferecer meus serviços de acompanhante para estes dois jovens. Algum interessado?’’
Olho para ela, não sei o nome deste sentimento, raiva, nojo; confesso que o medo eu reconheci logo de cara, pois quem aborda alguém daquela maneira numa madrugada? Voltando para a moça, até que era bonitinha, jeitosinha, embora eu já estivesse chamando urubu de meu louro (qualquer uma que passasse seria a senhora mais linda e adorável daquela noite), acabei por não confiar no meu julgamento, porém meu amigo sussurrou que uma daquelas não é de se jogar fora. E começou a barganha. Sai
Enquanto saio para fumar meu cigarro meu amigo fica lá com a jovem oferecida conversando e negociando os preços. Uma segunda senhora (senhorita de mais idade) se apresenta e se senta ao meu lado. Olhei desconfiado, era puta, só de olhar já se notava, ela saca seu cigarro e pede por fogo, acendo seu cigarro e ela puxa papo. Descobri que a rapariga que veio oferecer seus trabalhos tinha recém-chegado na cidade e precisava de dinheiro rápido e fácil, é claro que a segunda senhorita (a de mais idade), que era uma quenga velha, usaria a mocinha novinha e bonitinha para se auto promover cafetina. Puta esperta. Ela me confessou que já começava a perder dinheiro, uma vez que não sentia mais tesão por nada (ou quase nada), ela culpou os cigarros que fumara em sua vida promiscua. Olhei meu cigarro e continuei fumando. Ela falou também que havia simpatizado por mim e por meu amigo, e por isso entraria no bacanal também.
Eu não sabia se subiria (subir nesse caso uma condição física própria dos homens, só pra deixar claro), mas mesmo assim, e em qualquer condição, eu ficaria com a moça novinha. Meu amigo parecia já ter conseguido um preço, pois o trabalho delas já tinha começado, só com ele, eu ainda fumava meus cigarros. Saímos da rua e alugamos um quarto num hotel vagabundo e por incrível que pareça (pra mim) foi bem tranqüilo levantar, a noite toda foi uma festa; eu, meu amigo e as duas moças fáceis.
Não vi o tempo passar e quando dei por mim eu era o único acordado, eu estava na janela em companhia do meu cigarro, olhei para a cena diante dos meus olhos. Meu amigo abraçado com uma puta velha, dormindo com um sorriso estampado na cara, de orelha a orelha. Até onde um sujeito poderia ir, Até quando ele poderia cavar o buraco, não sei, mas meu amigo atingira o fundo. Ri daquilo tudo e em silencio observei na outra cama, sozinha, a outra moça. Era jovial, branquinha, bem esculpida. A composição daquela obra era perfeita, sua roupa de baixo estava exposta, mesmo assim era meiga. Achei no armário um lençol limpo e tratei de cobri-la, ela num reflexo me abraça e me prende perto dela. Ali perto daquele rosto, era ainda mais bonita, tinha sardinhas que lhe cobriam o nariz e as bochechas, não em excesso, na medida perfeita.
Divaguei em meus pensamentos, afinal por que diabos aquela menininha estava fazendo isso? Na verdade eu sabia, sabia por que a puta velha tinha me contado; dinheiro rápido e fácil com a desculpa de ser nova na cidade. Ok. Ela se vira e se encaixa em mim. Até isso é perfeito, o encaixe da bunda dela em mim! (uma bunda bem estruturada, era maravilhosa!) Merda! Aquele calor naquela hora da manhã era sacanagem, mas ela pareceu
não se importar, uma vez que a noite eu já havia corrido aquele corpo inteiro. Perdi-me nos meus pensamentos de novo.
Não sabia nada sobre ela (é claro que já havia sido apresentado ao seu corpo e suas intimidades, do corpo, mas ela ainda era um mistério), eu não sabia seu nome, nem telefone, nem da voz dela eu lembrava. Infeliz, eu tinha que estar tão bêbado daquele jeito; igual a um porco. Não sabia quantos já haviam desfrutado do mesmo prazer que eu (não que eu me importasse), não sabia da onde ela tinha vindo nem pra onde iria, nem o que gostaria de ser, qual profissão pretendia seguir...
Ela abre os olhos e me encaram, profundos, penetrantes e profundos aqueles olhos, mas sem tristeza, eram alegres (será que ela gosta do que faz?). ‘’- ontem tu me fez gozar!’’ – Aham finjo que acredito enquanto ela finge que é verdade, ela deve dizer isso pra todos. Ela olha debaixo do lençol e diz ‘’ alguém quer repetir da dose’’ eu simplesmente digo ‘’to quebrado, falido!’’. Parece não ligar muito e trata de me animar, aquela pela rosada e macia fez adiantar o processo que eu gostaria durar a vida toda (aqueles peitos macios e confortáveis também foram devidamente responsabilizados!), a voz dela suave e meiga ‘’tu me fez gozar’’ me disse, mas agora parecia sincero, ela tremia: seu corpo, sua voz, seus sentidos.
Nosso aluguel esgotara-se e o dono do hotel enxotou-nos do quarto, o cara tava puto, mais puto do que as putas!
Por fim ela me deu um beijo molhado no rosto, deu tchau e sumiu da minha vida. Aquele maldito sentimento, eu sabia que tinha que ser ele, não conseguia explicar antes, mas eu sabia que era ele, maldito amor. Esse em especial era o maldito amor de uma puta. Amor de puta!