sexta-feira, 20 de janeiro de 2012

Era uma vez um pequeno caderno sem as folhas...

Não sei de quem foi a ideia, mas era boa. Comprar um caderno para anotar os pensamentos, caso alguma coisa interessante fosse pensada, para que ela não se perdesse no monte de besteiras, no monte de coisas banais que nos ocorre todos os dias do ano, se alguma coisa genial fosse pensada, não iria ficar numa vaga lembrança, ou pior que uma vaga lembraça, nenhuma lembrança!

Dei uma olha para ver rapidamente o que passava na cabeça daquele jovem de 19 e quase 20 anos, dúvidas e vontade de mudar, tentar entender as pessoas e questionamentos que se referiam a ele apenas. Já no caderno de outro amigo coisas mais malucas, teias de pensamentos que iam se ligando por alguma teoria ou algum outro pensamento louco todos fundamentados em grandes autores ou não, havia também textos e poemas, crônicas escrito para mocinhas que viviam e dividiam  a atenção do jovem, já de 21 anos.

Pessoalmente achei legal a ideia, divertido para quem gosta de riscar a caneta num papel e deixar suas ideias claras e visiveis num papel, nas horas que não se tem nada para fazer, ter um lugar que se possa sempre escrever alguma coisa é legal, e pode ser em qualquer hora e em qualquer lugar.

No começo do caderno umas bobagens escritas para descontrair e deixar a timidez de lado, isso na parte da frente, atras e de cabeça para baixo (para dificultar os curiosos)  algumas regras e modos de conduta, só para não virar bagunça. Aos poucos as coisas foram fluindo e sendo escritas com bastante frequencia, lista de livros, filmes, frases importantes, pensamentos aleatórios e até um conto sobre um mendigo. Tudo escrito rapidamente, sem ter como ser apagadas, escrito a caneta e uma letra horrivel de entender (mais um modo de manter curiosos a distância, afinal o caderno é a minha cabeça aberta, e não quero ninguém mexendo na minha cabeça). Na faculdade era onde as coisas saiam com mais facilidade porque as aulas nem eram tão interessantes ou se eram interessantes viravam frase que iam para o caderno.

Tudo ia bem até que um dia acabei deixando o caderno na mesa da faculdade, e então o rapaz que cuidava de lá, provavelmente achou interessante a ideia de escrever bobagens num pequeno caderno e fez a mesma coisa, só que com o meu caderno, para que o caderno fosse dele somente, ele arrancou as antigas folhas escritas, pensamentos geniais (ou não) que foram jogados fora.

quinta-feira, 5 de janeiro de 2012

O rio e a montanha

Lá longe, na beira do rio das ilusões da vida, existe um menino. Ele está lá sentado e ninguém espera nada dele, pois ele é como tantos outros milhares. Lá ele se sente bem, pois foi lá que ele nasceu e cresceu, à margem das coisas. Sua vida é isto: observar. Ele observa. Olha e pensa. As vezes de tanto pensar, paralisa. À margem do rio vive esse menino. O menino no entanto um dia terá de se tornar homem. Mas como? Não sabemos. No entanto à margem do rio está o menino. O rio, por ele passa tudo que um dia foi verdade e nem tudo que foi verdade um dia foi real. Ilusões e desejos passam por esse rio, que começa dentro da cabeça do menino e passa por ele, como algo que já esteve ali desde o princípio.

O menino quer sair. Não é mais possível ficar ali, observando, sempre à margem. Não há mais como. Sofrido é o menino. Ninguém espera muito dele, pois ele é como tantos outros milhares. Mas ele não quer ser mais um. Quer ser outro. Outro. O que fazer? Não sabemos.

O menino não conhece a força que tem. Já viu muito e aprendeu com tudo isso que passou. Ela passou. A rosa que tinha o belo perfume. "Oh rosa porquê você passou?", ele não queria que passasse. Mais uma ilusão a rosa trouxe. Ilusões tem de morrer. Pois com a morte das coisas vem a liberdade. O menino cresce na morte. A morte é a porta de acesso. E é assim que tem que ser. Não há explicação. Essa também tem de morrer. A lógica também precisa morrer. Pois então morra menino.

Morra para nascer de novo, morra para virar homem. Morra, morra menino...e morro acima o menino vai. Pois não existe mais lugar para ele à margem do rio. Ele é forte. Descobriu que tem pernas fortes. Precisa subir. Não há como ficar ali. A beira da montanha. Pois a beira da montanha foi onde ele viveu. Na base da montanha tem o rio. Rio de ilusões à margem da montanha que tapa o Sol. O menino que ver o sol. Corra menino corra. Corra para a morte. Morra menino Morra. Morra para viver.

o menino sobe a montanha e quer ver o que tem lá atrás. Ele sobe e se afasta, pra longe. Bem pra longe de onde um dia ele não foi forte, pra onde um dia ele foi humilhado. Longe do rio, longe da montanha. Pois bem menino você chegou, veja e verá. Sinta. Aí está você menino. Longe do rio e da montanha. Pois bem menino, você agora é homem, morreu no rio, subiu a montanha. Pois bem menino vá ver, que ali atrás do rio e da montanha, está aquilo que você sempre procurou...

está a vida menino...

está a vida...