domingo, 26 de julho de 2015

O paradoxo da saudade

Eu sou assim
Grande máscara feita dos retalhos das emoções que um dia afoguei

São olhares

Vejo fotos do passado
Tenho saudade de tudo que eu vou perder
O tempo é como uma grande esteira que nos leva ao inevitável fim

Por cada momento fica também uma estranha marca
As coisas que eu não sei lidar
São fugazes
E por não compreender o tamanho dessas mesmas coisas
Apenas sei chorar

Eu queria ter o poder
De acreditar nas mentiras que contamos
Sob o falso nome de sabedoria

Eu queria saber
Esperar em paz pelas coisas que são elas mesmas
Queria escolher com força e ser herói da própria sombra

Cavalo velho e burro
Na ponta da vareta não existem cenouras mas enigmas
E só eles me fazem andar

Pernas cansadas do turbilhão
Que é o maremoto da minha cabeça que pensa demais


Eu pouco sei
E muito
Penso que sei

Mais uma vez em frente ao espelho
Sempre olhando esperando a resposta que não virá
"Quem é esse que me questiona?"
Ah o tempo...

Seco a lágrima
O tempo....


...o tempo


O relógio marca 17h30 nesse final de tarde de domingo
Estou destroçado
Mas amanhã há de ser outro dia...


domingo, 19 de julho de 2015

Algo me chama nas frias noites de Agosto

Existe algo estranho
que me chama
nas frias noites de Agosto

são todas as memórias 
das escolhas não feitas
que um dia eu desejei 
que fossem refeitas

o carro passa
eu vejo a estrada passar também
de longe o mar
e o vidro suavemente embaçado

eu quero sair daqui.
sair por aí em cima de uma moto
por campos verdes passar e viver o mais bonito clichê

quero te ver daquela janela
me olhando com um sorriso doce
porque eu sei que você entende

entende todas as promessa que sustentam o castelo de cartas
do amor que um dia construi pra ti

e sei da tua espera
porque eu te espero

pois eu bem sei
poesias não são nada se não vem do coração
promessas não valem nada se não vem do coração

mas uma vida também não é nada
se não vem do coração
e nessa mesma hora
me olho no espelho
e me questiono

aonde foi meu coração?





quarta-feira, 15 de julho de 2015

Época da minha vida

Teve uma época da minha vida que eu me perdi. Perdas sempre nos levam a inevitáveis pensamentos. Nesses fluxos de ideias a gente se questiona: como faz pra voltar? Será que eu era feliz e não sabia?

Essa é a tese mais antiga que a própria antiguidade: a felicidade é fruto direto ignorância?

Teve uma época da minha vida que eu te perdi. Não perdi como se perde as chaves do carro. Te perdi como uma perda pensada. Foram momentos negros. Tinha de seguir e por não compreender certas coisas e nem mesmo a mim mesmo, não tive outra coisa senão escolher.

Teve uma época da minha vida que se perdeu. Por entre os dedos. Eu não sabia que podia 'ser'. No infinito da possibilidade que esse verbo nos oferece. As histórias dos castelos de areia, barro e vento que a gente observa nas praças da vida, cada uma delas é mais ou menos temperada de tragédias que devemos aprender a saborear.

Teve uma época da minha vida em que vivi. E depois dela eu sabia como tudo poderia ser de novo. Eterno retorno.

Teve uma época da minha vida que eu me encontrei. Achei pelo caminho todos os cacos de vidro. Fiz deles o mais lindo abajur. Peguei o amor disperdiçado e dele fiz uma lâmpada. Iluminei as partes escuras de um porão. Botei o coração na mesa de apostas. Assim mesmo, sem medo de perder.

Teve uma época da minha vida em que eu venci...