O menino quer sair. Não é mais possível ficar ali, observando, sempre à margem. Não há mais como. Sofrido é o menino. Ninguém espera muito dele, pois ele é como tantos outros milhares. Mas ele não quer ser mais um. Quer ser outro. Outro. O que fazer? Não sabemos.
O menino não conhece a força que tem. Já viu muito e aprendeu com tudo isso que passou. Ela passou. A rosa que tinha o belo perfume. "Oh rosa porquê você passou?", ele não queria que passasse. Mais uma ilusão a rosa trouxe. Ilusões tem de morrer. Pois com a morte das coisas vem a liberdade. O menino cresce na morte. A morte é a porta de acesso. E é assim que tem que ser. Não há explicação. Essa também tem de morrer. A lógica também precisa morrer. Pois então morra menino.
Morra para nascer de novo, morra para virar homem. Morra, morra menino...e morro acima o menino vai. Pois não existe mais lugar para ele à margem do rio. Ele é forte. Descobriu que tem pernas fortes. Precisa subir. Não há como ficar ali. A beira da montanha. Pois a beira da montanha foi onde ele viveu. Na base da montanha tem o rio. Rio de ilusões à margem da montanha que tapa o Sol. O menino que ver o sol. Corra menino corra. Corra para a morte. Morra menino Morra. Morra para viver.
o menino sobe a montanha e quer ver o que tem lá atrás. Ele sobe e se afasta, pra longe. Bem pra longe de onde um dia ele não foi forte, pra onde um dia ele foi humilhado. Longe do rio, longe da montanha. Pois bem menino você chegou, veja e verá. Sinta. Aí está você menino. Longe do rio e da montanha. Pois bem menino, você agora é homem, morreu no rio, subiu a montanha. Pois bem menino vá ver, que ali atrás do rio e da montanha, está aquilo que você sempre procurou...
está a vida menino...
está a vida...