segunda-feira, 25 de março de 2013

Alou, tem alguém ai?



Depois de ter me curado de um amor dos diabos, depois de toda aquela tempestade de loucura, que ninguém viu passar,depois de tudo o que havia para ser pensado fora pensado, talvez então fosse a hora de seguir a diante.

Talvez seguir adiante não seja tão fácil, ou talvez eu tenha simplesmente feito tudo do modo que eu não deveria fazer e fiz com que vencer aquela etapa fosse um dos trabalhos de Hercules. Quem sabe foi difícil pela importância pela qual eu dei a aquela jovem senhorita, a musa da minha desinspiração. Antes daquela senhorita, cuja, dividi a cama, eu escrevia muito sobre qualquer porcaria, e me achava o poeta vivo, o remanescente que ainda pisava sobre o maldito solo terrestre, eu não estava sozinho de fato existiam também mais alguns desmiolados que compartilhavam o pensamento, com certeza haviam outros, mas eu me sentia.

E havia ela, em algum lugar, lá estava ela. Eu cheguei a usar a minha falta de inspiração para escrever sobre a minha falta de inspiração e o resultado foi que nem eu consegui ler aquela merda, bem como eu não lerei essa. É dela, sim dela que eu estou falando, os seus peitos firmes e quando estavam em ação lá ficavam eles, saltitantes. Firmes e saltitantes. O nome dela eu não faço ideia e por isso a chamei de "Marla", assim como todas as trajédias da minha vida. Mas em especial essa Marla foi violênta e não na cama, foi violento a atração e a ruptura que eu tive. Estava lá eu, na época, fumando o cigarro que haviam me dado, porque eu não tinha grana para compra-lo, encostado no parapeito da janela do quarto de hotel que tinha sido alugado por quatro pessoas, eu e a Marla, meu amigo e a puta velha. Entao eu tive uma das minhas malditas epifanias, essa em especial, que eu tive e fui descobrir muito mais tarde, era uma daquelas grandes merdas que não valem nada, mas na hora para mim foi uma verdade universal, olhando aquela moça, Marla, semi-despida e semi-coberta pelos lençois, foi ali, naquela hora eu pensei: "é ela". Na verdade o que era ela, uma puta.

Transamos mais uma vez e eu estava iludido com aquela moça maravilhosamente pelada na minha vida, mas durou nada, meia hora depois nos separamos com a promessa de nunca mais nos vermos novamente. E tudo ia muito bem, até que numa tarde de sexta feira, o mesmo amigo que dormira abraçado com a puta velha, sempre ele. Me convidou a sair para um bar beber umas cervejas, eu, ele, a namorada dele, dois de nossos amigos e a prima da namorada dele. Dessa vez, eu não estava duro, eu tinha uma grana guardada por algum motivo que eu não lembro. Não me achava mais um poeta, ou um artista, ou alguém muito fora do comum simplesmente eu tinha abraçado a mediocridade e aceitado-a com gratidão. Eu tinha um emprego mediocre, e levava uma vida rotineira com uma mediocridade média. Mas estava vivo.

Então ao entardecer tomei a rota para aquele que já havia sido o palco de início de uma odisséia, cheguei sozinho, mas meu amigo e a namorada já estevam lá, me sentei com eles ao redor da mesa. Ficamos por algum tempo ainda conversando apenas nós três, e o pessoal começou a chegar.

Todos os malditos amigos que estavam mortos resurgiram, todos! E para completar o lugar vazio a mesa, senta-se uma jovem moça, que só pude contemplar seu rosto depos que ela se sentou, e com um baque eu vi, era ela, a "Marla". A "Marla" era a prima da namorada do meu amigo, pelo visto ela não se lembrava de mim, nem do comedor da puta velha e o comedor da puta velha não se lembrava dela também. Percebi que a família da "Marla" tampouco sabia que ela já havia se aventurado pelas bandas da capital, e tinha vivido aqui por algum tempo entregue a própria sorte, e percebi também que eu havia sido o único doente que havia memorizado todos os participantes daquela noite. A moça pelo menos tinha uma desculpa, afinal, eramos apenas seus clientes, de, quem sabe, muitos que ela poderia ter tido. Com tudo o que passou pela minha mente em segundos, que pareceram horas, eu consegui disfarçar minha frustração de ve-la e meti na cara a melhor expressão bunda-mole que pude.

E assim passamos a noite, resgatamos em nossas memórias todas as histórias que tinhamos em nosso cartel, as mais toscas, as mais improvavéis, todas aquelas que tinhamos vergonha de contar. E no fim cumprimos nossa missão de ser úteis, agradáveis, nem sempre, mas divertimos a prima, a "Marla", a prima da namorada do nosso amigo. Ela era de fora da cidade, não sabia onde ir, não tinha com quem sair, e nem quem beijar. Entramos na história perfeitamente, e tinhamos escolhido em nossas conversas telepáticas quem ficaria com a moça. Lógico que ela não participou da conversa, e ela tinha escolhido com quem ela queria ficar também. Infelizmente ela tinha escolhido errado, e pelo que parecia ela tinha me escolhido, mas sendo egocêntrico que sou, isso deve ter sido uma ilusão muito bem bolada pela minha cabeça retardada. E aos poucos, a mesa foi ficando vazia e ainda existia muita noite para ser entretida, estavamos em cinco na mesa, e então comecei a apelar para as bebidas mais fortes para sair dali o mais rápido possível, o detalhe é que eu iria embora quando o nosso escolhido ficasse com a moça e eu estava de carona com o escolhido. Ele não podia mais ficar e também não se mostrava tão interessado por ela, então resolvemos que sairiamos do bar e teriamos o rumo de casa diante de nós. A pobre donzela ficaria desacompanhada, frustrada segurando vela para seus amigos. Pagamos a conta e paramos na frente do lugar para nos despedirmos, foi quando a promessa haveria de ser mais uma vez firmada, estavamos eu e ela, sozinhos em nosso momento de despedida, nos encarando e um tchau bastou, seguido de um beijo no rosto, foi a promessa de nunca mais nos vermos novamente, travestida de um simples tchau.