sábado, 23 de outubro de 2010

Eu mesmo!?

Ele me encarava, na verdade, continua a me encarar, mas não desvio o olhar. Aquele olho é um olho que me é familiar, eu o conheço. Será mesmo que conheço? Esse olhar me lembra alguém, uma pessoa que eu bem conhecia. Ainda me encara, me analisa de perto e me pergunta em silêncio se já fiz tudo que queria, se estou feliz, se já tenho minha família, se gosto do meu emprego, se tenho um emprego! Respondo tudo, no mesmo silêncio o qual fui perguntado, um silêncio tenso e mortal. Agora sou eu quem pergunta para ele, mas ao contrário dele, pergunto tudo gritando, berrando a plenos pulmões. Para que ele entenda tudo e não haja falha na comunicação.

Parece que eu já sabia de tudo que ele me respondeu, mas ele ainda me encara; fico irritado. Porque me olhas? Maldito sejas, quem pensas que és? porque fica me analisando, ei, Não és psicólogo e não tens esse direito. Vá cuidar da sua vida seu metido! Seu metido a besta!
Mas ele fica impassível e continua a me encarar, num estalo percebo que aquele que me encara é o Meu próprio reflexo no espelho. Poxa vida! Como que eu não pude notar; são as mesmas perguntas, mesmos conflitos. O tempo passou e essas perguntas ainda são freqüentes. Será que sou louco, de não gostar do que vejo no espelho? Mas tenho uma maneira de evitar aquele olhar que tanto me incomoda. Quebro a porcaria do espelho, não gostava do cara que lá refletia. Mas ele ainda está lá, me encarando e mesmo se eu der as costas ele vai continuar lá, vamos continuar nos encarando, até pelo menos, o resto da minha vida. E eu sou o único responsável por mudar aquele reflexo. Com o tempo devo aprender a conversar com ele, ou me acostumar com aquele imbecil me olhando.